quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Análise do poema "Inconstância das coisas do mundo!" de Gregório de Matos

    Inconstância das coisas do mundo!

"Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância."
                                                               
                                                  -Gregório de Matos

Percebo que Gregório ao escrever esse belíssimo poema, busca instigar as pessoas a pensarem sobre o quão a vida é curta e bela, e também a refletirem sobre as incertezas que passamos durante ela. Devido a nossa ignorância, não damos o devido valor ao nascer e ao pôr do sol, à natureza e as alegrias que temos ao observar e nos deslumbrar devido a pequenos detalhes.
Esse poema faz várias críticas à humanidade, e Gregório nos mostra também, como as coisas são passageiras, que nada é eterno e que uma coisa nos remete à outra e assim sucessivamente. Realmente, é um maravilhoso poema que nos instiga a muitos pensamentos e à várias reflexões sobre ele.

Referência: https://pensador.uol.com.br/poesias_de_gregorio_do_matos/

                                                                                              -Layanne Teixeira

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Análise do "Sermão de Santo Antônio aos Peixes", do Padre Antônio Vieira



"Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há-de fazer a este sal e que se há-de fazer a esta terra? O que se há-de fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus. «Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.» Quem se atrevera a dizer tal cousa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário.
Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra que se não deixa salgar, que se lhe há-de fazer? Este ponto não resolveu Cristo, Senhor nosso, no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou."


No Sermão de Santo Antônio aos Peixes, Vieira junta sua devoção ao santo à preocupação que o levaria, dias depois da pregação, a fugir secretamente para Portugal: a questão da escravidão e dos maus tratos contra os indígenas. A alegoria e a ironia são a chave de um discurso argumentativo que quer levar o ouvinte à reflexão. Ao mesmo tempo, a saudação inicial “Vós sois o sal da terra” é um chamamento à participação ativa na sociedade.
A discussão sobre as virtudes e os vícios humanos passa necessariamente por uma preocupação social. A ideia de que peixes maiores comem os peixes menores, ou seja, que a grandeza de cada um na sociedade tem valor relativo, surge espantosamente à frente do seu tempo. Em plena era mercantil, o texto de Vieira, por meio da alegoria, desvenda para os colonos do Maranhão a realidade da competição proto-capitalista: são peixes grandes na colônia, pois escravizam os nativos, que consideram inferiores, porém, uma vez na metrópole, serviriam de alimento para outros peixes maiores, contra os quais não teriam defesa.
Portanto, o texto de Vieira, datado do século XVII, traz para nós uma inquietante contemporaneidade, pois seus temas principais são a ganância humana e a corrupção da sociedade, assuntos mais do que presentes em nosso cotidiano. Por meio de sua linguagem finamente elaborada, Vieira nos faz refletir sobre os desafios da sociedade de seu tempo, nos ajudando também a pensar sobre a nossa realidade.

Referência:  
http://sermoesdaveracidade.blogspot.com.br/2012/12/sermao-de-santo-antonio-aos-peixes.html

                                                                                                              - Maria Fernanda

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Análise do "Sermão do bom ladrão" escrito pelo Padre Antônio Vieira


                                                 "Sermão do bom ladrão"

O barroco foi um período do século XVI que gerou uma nova visão de mundo através de lutas religiosas dentre outras características. Um dos artistas mais conhecidos da literatura barroca é o padre Antônio Vieira, que escreveu vários sermões em estilo conceptista (jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada).
Sua obra "sermão do bom ladrão" foi escrito em 1644, mas seu contexto pode ser interpretado nas atuais questões políticas do Brasil, em uma perspectiva religiosa.

Vieira assentou:

"E aqui se deve advertir uma notável diferença (em que se não repara) entre a fazenda dos reis a e dos particulares. Os particulares, se lhes roubam a sua fazenda, não só não são obrigados a restituição, antes terão nisso grande merecimento se o levarem com paciência; e podem perdoar o furto a quem os roubou. Os reis são de muito pior condição nesta parte: porque, depois de roubados têm eles obrigação de restituir a própria fazenda roubada, nem a podem demitir, ou perdoar aos que roubaram. A razão da diferença é, porque a fazenda do particular é sua; a do rei não é sua, senão da república."

Em nossa sociedade atual, a cultura da corrupção está entre nós e os prejuízos são evidentes, acima de tudo em termos de cultura política, dominando a tese de que o mundo é dos espertos e de que a lei não alcança a todos de forma igual. O prejuízo da corrupção acada sendo do povo brasileiro, como dito em um trecho do padre:

"A razão da diferença é, porque a fazenda do particular é sua; a do rei não é sua, senão da república"

O escritor atrelou essa ideia de roubo à salvação, como na passagem:

"Levarem os reis consigo ao paraíso os ladrões, não só não é companhia indecente, mas ação tão gloriosa e verdadeiramente real, que com ela coroou e provou o mesmo Cristo a verdade do seu reinado, tanto que admitiu na cruz o título de rei.

Mas o que vemos praticar em todos os reinos do mundo é, em vez de os reis levaram consigo os ladrões ao paraíso, os ladrões são os que levam consigo os reis ao inferno. "

O barroco possui um dualismo entre espírito e razão, como pode se ver no sermão de Antônio e possui uma postura bem independente.

Link para baixar o sermão:
-http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action&co_obra=16404

REFERÊNCIAS:
- http://www.lendo.org/sermoes-padre-antonio-vieira/- https://flitparalisante.wordpress.com/2013/11/24/sermao-do-bom-ladrao-basta-senhor-que-eu-porque-roubo-em-uma-viatura-sou-ladrao-e-vos-porque-roubais-em-uma-forca-publica-sois-governador/- https://oceanoazulresearch.wordpress.com/2010/06/07/corrupcao-no-brasil-uma-analise-sociologica/- http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/barroco-no-brasil.htm- http://conceptismo.blogspot.com.br/2008/10/caractersticas-do-barroco-conceptista.htmll
       
                                                                                                      -Isabel Mariano

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Análise do poema " Ao mesmo assunto e na mesma ocasião" de Gregório de Matos

Gregório é considerado um dos maiores autores da época de barroco pelo fato de abordar críticas sobre a desordem do mundo e as desilusões do homem perante a realidade e por apresentar conflitos entre o terreno e o divino, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo). Gregório usava linguagens que eram comuns de se ver em artes literárias barrocas, como: metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole, etc.
Ao mesmo assunto e na mesma ocasião "Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, da vossa alta clemência me despido; porque, quanto mais tenho delinqüido, vos tenho a perdoar mais empenhado. 

Se basta a vos irar tanto pecado, 
a abrandar-vos sobeja um só gemido: 
que a mesma culpa, que vos há ofendido 
vos tem para o perdão lisonjeado.

 Se uma ovelha perdida, e já cobrada 
glória tal e prazer tão repentino 
vos deu, como afirmais na sacra história, 

 Eu sou Senhor, a ovelha desgarrada, 
cobrai-a; e não queirais, pastor divino, 
perder na vossa ovelha, a vossa glória."
                                                             - Gregório de Matos

  Creio eu que a mensagem que Gregório quis passar através deste poema, é que nós somos pecadores e erramos, não porque existe pecado, mas sim pelo fato de não sermos perfeitos. Gregório também acredita que é no erro que você encontra o perdão de Deus, pois quando há um compromisso com o Senhor, queremos agradar a ele. O mesmo pecado que traz desonra e angústia a ele, traz a salvação e um perdão grandioso. Gregório assume que é uma “ovelha perdida” pelo fato de ter pecado perante aos olhos do senhor, mas afirma que Deus não quer perdê-lo pelo simples fato de que mesmo sendo um pecador, ele é uma ovelha querida e amada. “Eu sou Senhor, a ovelha desgarrada, cobrai-a; e não queirais, pastor divino, perder na vossa ovelha, a vossa glória.” O perdão pelo pecado cometido é tão grande que lhe deixa envergonhado. “[...] que a mesma culpa, que vos há ofendido vos tem para o perdão lisonjeado.”
 Eu, Letícia, também acredito que o perdão de Deus é tão grande que acaba nos deixando envergonhados!

                                                                                                         - Letícia Gomes

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Biografia e principais obras de Padre Antônio Vieira

Famoso no Brasil e em Portugal, Padre Antônio Vieira nasceu na capital lusitana em 1608 e se mudou para a Bahia com sua família aos seis anos de idade. Ali iniciou seus estudos no colégio jesuíta e aos 21 anos já instruía no colégio de Teologia em Salvador. No ano de 1640, Vieira retornou a Portugal e lá foi nomeado Pregador-régio, título que o fez ficar na sua terra natal até 1652, quando finalmente resolveu voltar às terras brasileiras. Tornou-se chefe de uma missão da Igreja no Maranhão, mas logo foi expulso da região por ter defendido os indígenas da escravidão imposta pelos colonos portugueses, em 1661. Tocado com o caso, a maior entidade de Portugal interferiu e mandou o missionário para Roma na tentativa de que ele reconstruísse seus direitos como pregador. O padre passou novamente por Portugal, mas não foi bem recebido e retornou ao Brasil em 1681. No ano de 1697, Antônio vieira falece no Colégio da Bahia, em Salvador. Durante sua vida, escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos, relações etc.

 
Principais obras de Padre Antônio Vieira:

- Sermão da Sexagésima
- Sermão de Santo Antônio aos Peixes
- Sermão de Nossa Senhora do Rosário
- Sermão da Quinta Dominga da Quaresma
- Sermão do Mandato
- Sermão da Epifania
- Sermão da primeira Oitava da Páscoa
- Sermão Nossa Senhora do Rosário com o Santíssimo Sacramento
- História do Futuro
- Esperanças de Portugal
- Defesa do livro intitulado Quinto Império
- Maria Rosa Mística
- Entre outros.

Referência bibliográfica: http://www.estudopratico.com.br/vida-e-obras-de-padre-antonio-vieira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Vieira


                                                                                      -Allayne Souza

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Biografia e principais obras de Gregório de Matos

Gregório de Matos Guerra, nascido no dia 23 de dezembro de 1636, era o terceiro filho de um fidalgo português. Nascido no Brasil antes da independência, sua nacionalidade era portuguesa, assim como todos os brasileiros de sua época, pois o Brasil só se tornaria independente no século XIX e todos que nasciam antes da independência eram considerados luso-brasileiros. Ao contrário dos irmãos mais velhos que não se adequaram aos estudos, Gregório recebeu instrução na infância e adolescência e foi enviado para a Universidade de Coimbra, onde se bacharelou em Direito. Além de exercer o Direito, tornou-se também um grande poeta do movimento Barroco Brasileiro. Faleceu no dia 26 de novembro de 1696, aos 59 anos.

Principais poemas de Gregório:

- Beija-flor
- Anjo bento
- Senhora Dona Bahia
- Descrevo que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia
- Finge que defende a honra da cidade e aponto os vícios
- Define sua cidade
- A Nossa Senhora da Madre de Deus indo lá o poeta
- Ao mesmo assunto e na mesma ocasião
- Ao braço do mesmo Menino Jesus quando apareceu
- Soneto - Carregado de mim ando no mundo
- Soneto I - À margem de uma fonte, que corria
- Soneto II - Na confusão do mais horrendo dia
- Soneto III - Ditoso aquele, e bem-aventurado
- Soneto IV - Casou-se nesta terra esta e aquele
- Soneto V - Bote a sua casaca de veludo
- Soneto VI - A cada canto um grande conselheiro
- Entre outros.

Referência bibliográfica: https://pt.wikipedia.org/wiki/Greg%C3%B3rio_de_Matos
                                     http://educacao.uol.com.br/biografias/gregorio-de-matos.htm

                                                                                          -Layanne Teixeira