O Uruguai
"FUMAM ainda nas desertas praias
Lagos de sangue tépidos, e impuros,
Em que ondeiam cadáveres despidos,
Pasto de corvos. Dura inda nos vales
O rouco som da irada artilheria.
MUSA, honremos o Herói, que o povo rude
Subjugou do Uruguai, e no seu sangue
Dos decretos reais lavou a afronta.
Ai tanto custas, ambição de império!
E Vós, por quem o Maranhão pendura
Rotas cadeias, e grilhões pesados,
Herói, e Irmão de Heróis, saudosa, e triste,
Se ao longe a vossa América vos lembra,
Protegei os meus versos. Possa em tanto
Acostumar ao voo as novas asas,
Em que um dia vos leve. Desta sorte
Medrosa deixa o ninho a vez primeira
Águia, que depois foge à humilde terra,
E vai ver de mais perto no ar vazio
O espaço azul, onde não chega o raio.
(...)"
Análise: O Uraguai, poema épico de 1769, critica drasticamente os jesuítas, antigos mestres do autor Basílio da Gama. Ele alega que os jesuítas apenas defendiam os direitos dos índios para ser eles mesmos seus senhores. O enredo situa-se todo em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro. O poema narra o que foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757, exaltando os feitos do General Gomes Freire de Andrade. Basílio da Gama dedica o poema ao irmão do Marquês de Pombal e combate os jesuítas abertamente.
É notório a existência do nativismo: referências à terra e ao mundo natural, uma das características presente no arcadismo.
-Maria Fernanda
Trata-se de uma poesia épica, sua estrutura é composta por versos decassílabos brancos e sem rima. No sexto verso, podemos observar a evocação das musas, que se originam da Arcádia Romana, o poeta pede para que elas voltem a sua atenção para o conflito que acontece na América. E podemos observar também que a natureza é retratada de maneira densa e ágil, se aproximando muito mais do paisagismo Romântico que da veneração Arcádica, já é um prelúdio de uma relação mais direta dos sentidos com o ambiente.
ResponderExcluirTrata-se de uma poesia épica, sua estrutura é composta por versos decassílabos brancos e sem rima. No sexto verso, podemos observar a evocação das musas, que se originam da Arcádia Romana, o poeta pede para que elas voltem a sua atenção para o conflito que acontece na América. E podemos observar também que a natureza é retratada de maneira densa e ágil, se aproximando muito mais do paisagismo Romântico que da veneração Arcádica, já é um prelúdio de uma relação mais direta dos sentidos com o ambiente.
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ResponderExcluirA pobreza temática incentiva Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem rimas. Como Maria disse em sua análise, o poema narra a luta pela posse de terra travada em princípios. Observamos também a natureza sendo representada de forma carregada e hábil. Contendo também uma das características do Arcadismo: existência do nativismo. ótima análise, parabéns pela escolha da poesia!
ResponderExcluirA pobreza temática incentiva Basílio da Gama a substituir o modelo camoniano de dez cantos por um poema épico de apenas cinco cantos, constituídos por versos brancos, ou seja, versos sem rimas. Como Maria disse em sua análise, o poema narra a luta pela posse de terra travada em princípios. Observamos também a natureza sendo representada de forma carregada e hábil. Contendo também uma das características do Arcadismo: existência do nativismo. ótima análise, parabéns pela escolha da poesia!
ResponderExcluirNesse poema, nota-se que a transição do modelo de dez cantos por uma poema de cinco, chamado de poema épico. Pode-se ver uma característica do arcadismo, o bucolismo (busca pelos valores da natureza), como no trecho:
ResponderExcluir"Em que um dia vos leve. Desta sorte
Medrosa deixa o ninho a vez primeira
Águia, que depois foge à humilde terra,
E vai ver de mais perto no ar vazio"
Nesse poema, a produção literária é voltada para a vida campestre, a linguagem assume uma expressão simples e despojada, a mitologia é retomada, os poetas adotam uma linguagem pastoril para expressar esse ambiente bucólico e ele também narra como foi a luta pela posse da terra, travada em princípios de 1757.
ResponderExcluirAo ler esse trecho do canto, podemos identificar a parte que o autor menciona a mitologia "MUSA, honremos o Herói, que o povo rude. Subjugou do Uruguai, e no seu sangue. Dos decretos reais lavou a afronta." e a parte que ele fala sobre a natureza a e vida simples "Águia, que depois foge à humilde terra, e vai ver de mais perto no ar vazio. O espaço azul, onde não chega o raio."
Um poema épico com diversas características do arcadismo como a terra e um caso de amor, ótima análise de Maria Fernanda.
ResponderExcluirGente, o título do poema é "O Uraguai" e não "O Uruguai".
ResponderExcluirPor favor, me expliquem o que significa "pobreza temática".
Aleksandher, você não vai participar?
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