Esse blog tem como objetivo abordar temas da Literatura Brasileira, exclusivamente sobre o Barroco e o Arcadismo.
sábado, 19 de novembro de 2016
Análise do poema "Temei, Penhas..." de Cláudio Manuel da Costa
Temei, Penhas...
"Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;
Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura."
Cláudio Manuel produziu poemas com temática pastoril, com estrutura perfeita de soneto, além de trazer reflexões sobre a vida, sobre a moral, sobre a natureza e sobre o amor.
Neste poema, Cláudio fala sobre o amor, mas também fala sobre a natureza.
Na primeira estrofe, ele diz que foi feito da natureza, nascido das pedras, mas não sofreu nenhuma influencia de onde foi gerado. "Uma alma terna, um peito sem dureza".
Quando ele encontra o amor, que no caso é na segunda estrofe, ele é tomado pela paixão e diz que o amor é capaz de vencer qualquer barreira. Logo depois, ele diz que por mais que ele sofra por amor, seu sofrimento não pode ser comparado ao de uma pessoa que resiste ao amor.
"Vós que ostentais a condição mais dura. Temei, penhas, temei: que Amor tirano. Onde há mais resistência mais se apura."
- Letícia Gomes
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No soneto acima, o eu-lírico inicia discorrendo sobre a sua própria maneira de ser. Ele se mostra uma pessoa terna e sem dureza, mesmo tendo nascido entre penhascos. Há, assim, uma antítese – resquício barroco típico de Cláudio Manuel da Costa – que contrapõe a pureza campesina aos penhascos ríspidos e duros.Há ainda no soneto em questão, o tema da luta contra o Amor e a evidente manifestação da linguagem clara e simplificada do Arcadismo.
ResponderExcluirO soneto inicia-se falando da origem do eu-lírico, que a natureza é sua origem porém ele não é idêntico a ela. No restante ele fala do amor em si, que este o domina e que pode ser duro como os penhascos de onde viera.
ResponderExcluirNo soneto transcrito, o poeta evidencia uma forte característica de sua obra: a incorporação de elementos da paisagem local ao cenário árcade. Esse elemento incorporado da paisagem local (Minas Gerais) é o cenário rochoso (penhascos e penhas). O eu lírico marca a oposição entre o cenário e sua alma. Seria de esperar que entre as rochas que caracterizam o cenário se encontrasse um “peito forte”, mas entre as “penhas” se criou uma “alma terna” e um “peito sem dureza”, que não consegue resistir à guerra que o Amor declara contra ele. Além disso podemos observar que o pastor lamenta-se por não ter uma alma mais dura, pois permitiu a chegado do amor pela sua fraqueza.
ResponderExcluirMuito bem, pessoal! E o restante do grupo?
ResponderExcluirGostei
ResponderExcluirGente, qual seria o “consolo” do eu-poético,expresso na última estrofe.?
ResponderExcluirAo evocar a atenção das penhas, o eu-lírico faz um alerta à dureza das pedras da paisagem de sua terra. Em que consiste esse alerta?
ResponderExcluirTEMEI, PENHAS
ResponderExcluirDestes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra meu coração guerra tão rara
Que não me foi bastante a fortaleza.
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano;
Vós que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei: que Amor tirano
Onde há mais resistência mais se apura
In: COSTA, Cláudio Manuel da. Obras. Introd. cronol. e bibliogr. Antônio Soares Amora. Lisboa: Bertrand, 1959. (Obras primas da língua portuguesa
No texto 1, o poeta evidencia uma forte característica de sua obra: a incorporação de elementos da paisagem local ao cenário árcade. Marque a alternativa que respectivamente assinala qual é o elemento local presente no texto e a caraterística árcade correspondente:
a) A alma terna e um peito sem dureza / sentimentalismo romântico.
b) O amor que vence os tigres / imitação dos clássicos.
c) O berço em que o eu-lírico nasceu / pastoralismo.
d) Os penhascos e penhas de Minas Gerais / buscolismo.
e) A impossibilidade da fuga ao engano cego / volta aos princípios greco-latinos.
Este comentário foi removido pelo autor.
Excluir. No texto 1, a apresentação do cenário é importante para o desenvolvimento do tema do soneto. De que maneira o eu lírico relaciona o cenário em que nasceu a esse tema?
ResponderExcluira) A partir do distanciamento da cidade, "fugere urbem" tema comum entre os autores árades.
b) Através da descrição nativista do habitante da terra local.
c) A partir da dureza do cenário contraposto à força do amor.
d) Através de imagens que contrapõem luz e sombra, numa referência ao cultismo e conceptismo árcades.
e) Em uma perspectiva extremamente satírica, expondo as mazelas morais do local.