Caramuru
Canto II
XVII
Não era assim nas aves fugitivas,
Que umas frechava no ar, e outras em laços
Com arte o caçador tomava vivas;
Uma, porém, nos líquidos espaços
Faz com a pluma as setas pouco ativas,
Deixando a lisa pena os golpes lassos.
Toma-a de mira Diogo e o ponto aguarda:
Dá-lhe um tiro e derruba-a com a espingarda.
Estando a turba longe de cuidá-lo,
Fica o bárbaro ao golpe estremecido
E cai por terra no tremendo abalo
Da chama do fracasso e do estampido;
Qual do hórrido trovão com raio e estalo
Algum junto a quem cai fica aturdido,
Tal Gupeva ficou, crendo formada
No arcabuz de Diogo uma trovoada.
Toda em terra prostrada, exclama e grita
A turba rude em mísero desmaio,
E faz o horror que estúpida repita
Tupã, Caramuru, temendo um raio.
Pretendem ter por Deus, quando o permita
O que estão vendo em pavoroso ensaio,
Entre horríveis trovões do márcio jogo,
Vomitar chamas e abrasar com fogo.
Desde esse dia, é fama que por nome
Do grão Caramuru foi celebrado
O forte Diogo; e que escutado dome
Este apelido o bárbaro espantado.
Indicava o Brasil no sobrenome,
Que era um dragão dos mares vomitado;
Nem de outra arte entre nós antiga idade
Tem Joce, Apolo e Marte por deidade.
Referência: http://www.escritas.org/pt/t/8463/caramuru#cmtPanel
Análise:
Este é um trecho do livro poético Camuru, este trecho fala sobre o naufrágio de Diogo, e de como estava o tempo, o lugar e como aconteceu. Podemos ver no texto, a presença de muitas características do arcadismo, como por exemplo, a valorização da natureza no trecho "Não era assim nas aves fugitivas,Que umas frechava no ar, e outras em laços..." podemos observar também referências às culturas greco-romanas no trecho "Que era um dragão dos mares vomitado; Nem de outra arte entre nós antiga idade, Tem Joce, Apolo e Marte por deidade." entre outras...
- Aleksandher Pacheco Santos
Aleksandher fez uma ótima análise, destacou muito bem as características presentes em tal. Acredito que ele disse resumidamente tudo o que tinha de mais importante a ser dito, por isso não vou nem complementar. Meus parabéns!
ResponderExcluirComo muito bem destacado por Aleksander em sua análise, esse poema apresenta traços marcantes do arcadismo. O autor de Caramuru, destacou muito bem a sequência histórica deste, enriquecendo-o com referências e fatos históricos. O que poderia ser falado já está explícito na análise de meu amigo, ou seja, não precisa ser complementada! Um ótimo livro para ser lido e apreciado e uma ótima análise para esclarecer características em tal.
ResponderExcluirAntes de qualquer coisa, quero parabenizar ao Aleksandher pela sua análise. Além de ser uma parte linda do canto, Aleksandher explicou muito bem as características nele presente. Duas das características bem presentes em uma obra do arcadismo, que por sinal está presente nesta parte do canto é a exaltação da natureza e a valorização da cultura grego-romana. Parabéns pela escolha.
ResponderExcluirPedro, Maria Fernanda e Isabel, cadê vcs?
ResponderExcluirPessoal, a análise do Aleksandher está boa sim, mas ainda há muitas coisas que vcs podem falar. Por exemplo: ninguém explicou que este poema é épico. E há muito o que se falar sobre um poema épico. Vocês deviam pesquisar mais sobre ele.
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