sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Análise do poema "Buscando a Cristo" de Gregório de Matos


Análise do poema "Buscando a Cristo"

"A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me

A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme."
                                                           -Gregório de Matos



Gregório com esse poema, na minha visão quis trazer a infinidade do amor de Deus e o seu perdão absoluto, outra coisa que percebi, é que o poeta associa a cada parte do corpo crucificado uma ação dele, ao mesmo tempo que os braços de Cristo estão abertos para receber, estão cravados para o castigar. Gregório traz também várias características do Barroco como a anáfora (repetição de palavras no inicio de dois ou mais versos), e contradição amorosa. O autor também traz em muitas partes do texto o uso de metonímias, na última estrofe podemos perceber a presença de fusionismo, que é o desejo do fiel de se achegar mais a Deus ficar mais junto à Ele. O sistema de rimas utilizado segue um certo padrão.
                                                     -Aleksandher Pacheco Santos

12 comentários:

  1. Neste poema o eu-lírico expõe, de forma crítica e bem irônica, a obrigação que Cristo tem de perdoar os pecadores, ainda que estes pequem consciente e frequentemente, já que aceitou a condição de estar cravado em prol da humanidade.
    Na primeira estrofe o eu-lírico afirma que pode viver uma vida de pecado, pois já que os braços de Cristo estão cravados, ele não poderá puni-lo. E, mesmo após cometer tantos pecados, o mesmo estará de braços abertos para perdoá-lo.
    Na segunda estrofe o eu-lírico continua afirmando que Cristo tem por obrigação perdoar-lhe os pecados. Ele afirma isso ao dizer que pelo fato dos olhos de Cristo estarem cobertos de lágrimas e sangue, não poderá enxergar as faltas cometidas pelo pecador, pois os seus olhos só se abrem para perdoar.
    Na terceira estrofe o eu-poético mostra que Cristo encontra-se enfraquecido, os pés cravados, o sangue vertido e a cabeça baixa representam o esgotamento das forças físicas e portanto não poderá perseguir e punir o pecador. Mas, mesmo diante de tamanha fraqueza, o eu-poético tem a certeza de que Cristo encontrará forças para perdoá-lo.
    Na última estrofe o eu-poético faz uma conclusão muito ousada, ao dizer que mesmo depois de tantos pecados e tantas faltas cometidas ao longo da vida, ele possui o direito de alcançar a absolvição dos seus pecados, afim de que possa viver na vida eterna ao lado de Cristo. Bom, e foi isso que eu entendi sobre o poema. O Aleksandher foi muito feliz ao destacar as principais características que estão presente nele, adorei.. Parabéns!

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  2. Neste poema, podemos observar claramente um dos contextos históricos do Barroco: Criação da Companhia de Jesus, no qual os integrantes desta companhia eram os jesuítas. Estes foram encaminhados aos continentes africano, americano e asiático. Tinham como objetivo principal transformar os nativos em novos católicos, através da catequização (ensino da língua portuguesa, doutrina católica e hábitos europeus). Há também a presença do rompimento do equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência.
    O texto todo relata a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria. O autor usou linguagem clara em relação a isso.
    Aleksandher destacou muito bem as características presentes no poema. Está de parabéns!!

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  3. Este soneto ilustra uma característica típica do Barroco: o uso de situações ambivalentes, que possibilitam dupla interpretação. Assim, os braços de Cristo são apresentados como abertos e cravados (presos); seus olhos estão despertos e fechados, cada um desses estados permite ao poeta fazer uma interpretação sempre positiva do gesto divino. Os braços estão abertos para acolher o fiel que se dirige a Deus e cravados para não castiga-lo pelos pecados que ele cometeu. Outro recurso estilístico utilizado pelo autor é a anáfora – repetição de palavras no início de dois ou mais versos. Observe o poema a repetição da expressão “ A VÓS”.
    Meu amigo Aleksandher fez uma ótima análise, sendo complementada pelas observações das minhas colegas Allayne e Maria Fernanda, que esclareceram ainda mais as possíveis dúvidas presentes. Todos nós estamos de parabéns!

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  4. Este soneto ilustra uma característica típica do Barroco: o uso de situações ambivalentes, que possibilitam dupla interpretação. Assim, os braços de Cristo são apresentados como abertos e cravados (presos); seus olhos estão despertos e fechados, cada um desses estados permite ao poeta fazer uma interpretação sempre positiva do gesto divino. Os braços estão abertos para acolher o fiel que se dirige a Deus e cravados para não castiga-lo pelos pecados que ele cometeu. Outro recurso estilístico utilizado pelo autor é a anáfora – repetição de palavras no início de dois ou mais versos. Observe o poema a repetição da expressão “ A VÓS”.
    Meu amigo Aleksandher fez uma ótima análise, sendo complementada pelas observações das minhas colegas Allayne e Maria Fernanda, que esclareceram ainda mais as possíveis dúvidas presentes. Todos nós estamos de parabéns!

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  5. Neste poema, podemos observar a característica principal de um texto barroco: o conflito entre opostos. Exemplo: conflito entre céu e inferno, fé e razão, pecado e perdão, etc.
    Pelo que eu entendi, Gregório diz sobre o perdão de Deus, e que por mais que nós erramos, o Senhor sempre estará pronto para nos ajudar e nos perdoar.
    Jesus teve uma morte de cruz dolorosa, uma morte que gerou vida, vida para toda a humanidade, por isso, ele menciona como Jesus morreu e as suas condições quando entregou seu espirito. Jesus estava com lagrimas nos olhos, estava de cabeça baixa, seus pés estavam pregados e seu sangue estava vertido.
    Verdadeiramente, é um poema lindo que nos lembra o tamanho do sacrifício de Jesus por nós.
    Parabéns, Aleksandher, pela escolha do poema e pela sua análise.

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  6. Gostei muito da análise de vocês. Isabe e Pedro, vocês não vão participar?

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  7. Ótima análise do Aleksandher, trouxe o que eu entendi do texto corretamente, como eu imaginei, só um detalhe que faltou um pouco mais de aprofundamento, parabéns!

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  8. A forma de escrever naquela época me fascina, tantas nomenclaturas ricas, jogos de palavras, figuras de linguagem, coisas tão comuns no barroco. Nesse trecho podemos analisar isso: "A vós, divinos olhos, eclipsados
    De tanto sangue e lágrimas abertos,
    Pois, para perdoar-me, estais despertos,
    E, por não condenar-me, estais fechados."

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  9. Me ajudou muito a entender esse poema.

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  10. vcs pode me ajudar me falando onde ocorre antitese e anafora no poema?

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  11. Este poema de Gregório de Matos reflete o seu arrependimento, confiança e constrangimento diante da grande Misericórdia Divina e da constatação do desconcertante Amor de Deus!
    Veja que a dualidade está no fato de que apesar do pecado do poeta, Cristo se oferece em sacrifício por ele(Cristo sofre crucificado por Amor, aceitando estar com os pés e mãos cravados por NÃO castigar a humanidade, e assumir em Sua carne os castigos que a humanidade deveria assumir por seus pecados).

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  12. Você pode mim dizer as características presentes no poema ??

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