Trecho do “Sermão da Sexagésima” de Padre Antônio Vieira
“Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos omnipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, porque não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.”
Análise:
Padre Antônio, em minha opinião, está querendo questionar o modo como pregamos a palavra de Deus e se os que pregam realmente seguem aquilo que dizem. A hipocrisia dos que nos passam os ensinamentos de Deus, a palavra deve ser passada além da fala, com exemplos. Que confiança você teria em um cardiologista que se alimenta incessantemente de frituras? O problema não está no provedor das bênçãos, da palavra, que é Deus, nem no receptor ou ouvinte, mas sim no intermediário entre eles que seria o pregador.
-Pedro Menendes
Podemos observar nessa parte do sermão, o encerramento deste com proposição da mensagem. A proposição é uma declaração simples do assunto abordado, que tem a finalidade de mostrar aos ouvintes o tema principal da mensagem. Ele realmente utiliza esse recurso com verdadeira maestria. Além dessas características, podemos observar também o uso de metáfora e diversos recursos de persuasão que faz críticas ao modo de pregar dos padres. Com certeza mais um belíssimo sermão escrito pelo Padre, que nos remete a ter vários pensamentos e reflexões sobre o tema abordado.
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ResponderExcluirNo trecho deste sermão, Padre de Antônio Vieira questiona a forma que nós estamos pregando palavra de Deus. Este tipo de questionamento é bem presente e visível nos textos barrocos, já que ele busca criticar a desordem do mundo e as desilusões do homem perante a realidade.
ResponderExcluirEm meu ponto de vista, vivemos em um mundo onde se uma oração não tiver o devido resultado, o problema está em Deus e não nas pessoas que estão orando. Deus será sempre Deus, o seu amor não diminuiu, seu poder não se corrompeu, Ele é o mesmo, sempre o mesmo, Ele será fiel até o fim.
Pedro está de parabéns pela escolha do sermão e pela análise.
Durante o Sermão da Sexagésima o tema é tratado fazendo alusões à “Parábola do semeador”, tirada do Evangelho de Lucas: (A semente é a palavra de Deus). Ele discursa que pregar é o mesmo que semear. Esta é uma parábola que diz que um semeador semeou suas sementes em locais diferentes, as primeiras entre as pedras, outras nos espinhos, outras pelo caminho e as últimas foram semeadas em uma terra boa. As que caíram entre os espinhos e pedras não vingaram, as do caminho não frutificaram, apenas as que foram semeadas em terra boa vingaram e deram bons frutos.
ResponderExcluirVieira junto a esta parábola faz uma crítica ao estilo de outros religiosos que, segundo ele, não sabiam pregar: falavam de vários assuntos, sendo alguns ao mesmo tempo, eram ineficazes em suas palavras e tentavam agradar as vontades dos homens e não a de Deus. Ele coloca a culpa nos pregadores e analisa a sua própria pregação. Analisa qual o motivo da pregação católica não estar surtindo efeito, já que a palavra de Deus é muito poderosa. Depois de muita reflexão ele conclui que a culpa é dos próprios padres.
E faz uma feroz crítica a todos aqueles que usam a palavra de Deus para defender interesses mundanos, além disso podemos observar também o uso de metáfora e diversos recursos de persuasão que faz críticas ao modo de pregar dos padres. Esse sermão é realmente fascinante! Parabéns Pedro pela escolha!!
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ResponderExcluirGregório nesse treco, questiona o jeito em que estamos passando a palavra de Deus, pois se temos essa quantidade de pregadores e de ouvintes, como não estamos vendo reflexo disso?
ResponderExcluirNeste sermão, o Padre Vieira usa de uma metáfora: pregar é como semear, no qual não estamos colhendo frutos.
Como ele diz em seu sermão, temos que começar a pregar para nós mesmos, pois assim, atingiremos quem nos ouve.
Esse sermão é espetacular! Pedro fez uma ótima escolha e foi feliz em fazer sua análise.
Esse é o mais conhecido sermão de Padre Antônio Vieira. Gostei do que li aqui, mas gostaria de ver vocês falando sobre o conceptismo presente nele. Maria Fernanda, veja como um erro de digitação alterou o sentido da palavra trecho, que virou treco. Cuidado! Isabel e Aleksandher, vocês não vão participar?
ResponderExcluirO Conceptismo é o logicismo do pensamento, são os elementos de persuasão que podemos ver, por exemplo, no trecho: "Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos omnipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era.", tirando isso gostei muito da análise do Pedro e de sua linguagem utilizada para passar à nós leitores !
ResponderExcluirNessa parte do texto “Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. " percebe-se uma "luta" entre o antropocentrismo e teocentrismo. tal característica é comumente encontrada no barroco
ResponderExcluirNessa parte do texto “Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. " percebe-se uma "luta" entre o antropocentrismo e teocentrismo. tal característica é comumente encontrada no barroco
ResponderExcluirSIMPLIMENTE FANTASTICA EXPLICAÇÃO DE MEUS AMIGOS. RESSALTANDO QUE A PALAVRA DE DEUS NASCE ONDE FOR JOGADA E QUE O PREGADOR DEVE VIGIAR-SE SEMPRE.
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